"É da época do "Além de Mim" (2014). A última estrofe já estava escrita
há muito tempo; tinha toda a música na cabeça, mas não me satisfazia
nada do que colocava em palavras... não estava claro nem mesmo para mim o
que queria ser dito. Geralmente, o tempo cumpre bem esse papel de
desanuviar o céu; tornar claro o escuro; trazer à tona o abissal. É a
canção mais política do álbum, a 3ª pessoa na letra não fala sobre mim,
especificamente, apesar de rir-me com sua autoironia em alguns momentos,
tenta captar o espírito de nossa época e apontar o caminho para transcendê-lo." ("Entrevista - Iñaron")
Do It Yourselfie
Ele não bebe água da pia, não transa sem camisinha,
Já nem fuma, um careta e agora até evita a bebida
Ele anda na linha, o banco a ele financia
Parcela o viver, sem juros, tudo em dia
Não pensa fora da caixa, vê-se pela sua faixa
É um mártir de Marte em uma marcha murcha
Paixão triste o mobiliza, só assim que vai pra rua
Tira selfie com a PM e defende a ditadura
Odeio estar onde estou – Não estou nem aí!
Quando nos alienamos
Servimos a propósitos que nos escapam
Dar cabo da sua vida é um favor que te faço
Agradeça-me no inferno, escravo!
Ele queimou seus neurônios e a sola do sapato
E as pontas dos dedos, a pele e a língua
O poder e a exploração são o que ele justifica
Um cativeiro cativante, um fruto da frustração
É a procissão dos zumbis que não buscam miolos
Contentam-se com salários, em serem apenas tijolos
Mas, todo trabalho é forçado quando existe um patrão
Que liberdade pode haver em dizer “sim” ou “não, senhor”?
Odeio estar onde estou – Não estou nem aí!
Acordar no meio de um sonho
Pra me arrumar e ir pro trabalho
Acordar de um sono profundo
Que porra de vida é essa, caralho?!
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