quinta-feira, 30 de julho de 2015

06. Menina Do Rio



"Um belo exercício de estética no qual redimo Caetano por servir de experiência audiofônica aquele Estado que é um dos mais monstruosos, Israel. Quase joguei essa canção fora de última hora. Não o fiz por pura vaidade - adorei as imagens que nela lancei e a rima do refrão não se repetiria nunca em outro contexto. Sobre ele, um silêncio obsequioso. Fundo de lago é enlameado, todos sabem. Foi ali que me lancei, no lamaçal dos enganos. Em todo caso, uma ótima canção, em forma e conteúdo, pra mostrar a minha força." ("Entrevista - Iñaron") 

Menina do Rio

O sol queimava e a pele me ardia
O lago me enlaçava com a sua água fria
As horas passavam tais quais ardilosas ninfas
E eu sublimava que é política a psicologia
E a menina do rio ria!

Minhas braçadas, passagens de ida
Minhas remadas e até as minhas rimas
Lançadas com fúria e alegria
E a menina do rio ria!

O seu reggae tocava – o punk me movia
Eu estava em casa – o acaso me alivia
A dissonância encarnada qual magia
A aparência aprazível apolínea
A menina do rio ria!

Menina do rio, dragão tatuado
Nas costas; biquíni que bem te protegia
Da lambida do sol, pleno e que ascendia
E eu comigo também me ria!

E quem diria? A menina do rio ria!
E o seu riso era uma ode a Dionísio
E eu, que um dia viria a encarnar o devir
Aprendi a rir, amigos! Aprendi a rir!
Aprendi a rir, pois, eu já sabia mentir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário