"Um belo exercício de estética no qual redimo Caetano por servir de
experiência audiofônica aquele Estado que é um dos mais monstruosos,
Israel. Quase joguei essa canção fora de última hora. Não o fiz por pura
vaidade - adorei as imagens que nela lancei e a rima do refrão não se
repetiria nunca em outro contexto. Sobre ele, um silêncio obsequioso.
Fundo de lago é enlameado, todos sabem. Foi ali que me lancei, no lamaçal dos enganos. Em todo caso, uma ótima canção, em forma e conteúdo, pra mostrar a minha força." ("Entrevista - Iñaron")
Menina do Rio
O sol queimava e a pele me ardia
O lago me enlaçava com a sua água fria
As horas passavam tais quais ardilosas ninfas
E eu sublimava que é política a psicologia
E a menina do rio ria!
Minhas braçadas, passagens de ida
Minhas remadas e até as minhas rimas
Lançadas com fúria e alegria
E a menina do rio ria!
O seu reggae tocava – o punk me movia
Eu estava em casa – o acaso me alivia
A dissonância encarnada qual magia
A aparência aprazível apolínea
A menina do rio ria!
Menina do rio, dragão tatuado
Nas costas; biquíni que bem te protegia
Da lambida do sol, pleno e que ascendia
E eu comigo também me ria!
E quem diria? A menina do rio ria!
E o seu riso era uma ode a Dionísio
E eu, que um dia viria a encarnar o devir
Aprendi a rir, amigos! Aprendi a rir!
Aprendi a rir, pois, eu já sabia mentir.
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