quinta-feira, 30 de julho de 2015

09. Aurora

 

"O "batizado" lírico de minha filha. Aqui falo dela da forma mais direta. Estávamos no litoral sul da Paraíba quando os primeiros versos, já dentro dessa métrica, foram soprados pelo mar para dentro da minha cabeça enquanto via Aurora absolutamente inocente, brincando na areia... De repente, realizei a importância de um ato simbólico que, em signos, a protegesse, resguardado de toda moral mesquinha; de toda má-consciência; de todos os afetos tristes; de todo o cristianismo, enfim." ("Entrevista - Iñaron") 

Aurora

Eu te batizo em nome do espírito santo da vida
O ser primordial que no fundo de todos habita
Aquele que vive nas matas sob a luz do grande meio-dia
Que ensinou a astúcia à águia e, com coragem, nutria a mim

Eu te batizo no templo do espaço aberto, o cerrado
Deixai aos covardes as covas, as suas naves escuras
Pois, as verdades eternas habitam a natureza-divina
Eu te batizo em nome da antiga deusa latina

Receba de mim este signo: da onda do mar, do mergulho
Do amor, da dor, do orgulho – que à terra eles sejam dignos
Que são sinuosos os caminhos e os oceanos profundos
Há conhecimento do mundo: que se eleve acima de tudo

Tu, que és feita da força da luz que o dia anuncia
O calor, o clamor e o clarão – vento dos tempos que virão
Tu que vieste na mais dourada hora de minha vida
Devo chamar-te de Aurora, monumento à minha vitória,
Minha filha.
"A criança é a inocência, o esquecimento, um novo começar, um brinquedo, uma roda que gira sobre si, um movimento, uma santa afirmação.
Sim, para o jogo da criação, meus irmãos, é preciso uma santa afirmação: o espírito quer agora a sua vontade, o que perdeu o mundo quer alcançar o seu mundo."
("Das Três Transformações", Assim Falava Zaratustra, Nietzsche)


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